1/22/2006

CONSTANTINA ARAUJO




















Constantina Araújo nasceu na cidade de São Paulo, em 28 de maio de 1922,filha de português e de uma napolitana. Tendo demonstrado desde criança vocação para o canto, foi matriculada no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde estudou com Francesco Murino.
Sua primeira experiência como profissional deu-se na antiga Rádio Cultura. Dali para a Rádio Gazeta, emissora que possuía orquestra própria, promovia e transmitia concertos ao vivo, foi um pulo.
A bela voz de soprano lírico spinto logo despertou a atenção dos organizadores das temporadas do Teatro Municipal de São Paulo, onde Constantina estreou, em 1947, fazendo o papel de “Leonora” na ópera Il Trovatore de Verdi.
Em todas as ocasiões que se apresentou nessa casa de ópera, seu desempenho foi elogiado pela crítica e encantou o público. Lá cantou, ainda, em Aída, Lo Schiavo, Cavalleria Rusticana e La Bohème, sempre fazendo o principal papel feminino e tendo ao seu lado cantores de renome internacional como Mário Del Monaco, Gigli, Barbieri e outros.
Apresentou-se também em Porto Alegre, no ano de 1947, nas óperas Otello, Il Trovatore e Aída.
Em 1950, devido a rivalidades muito comuns nos meios artísticos, foi despedida da Rádio Gazeta e rejeitada para as temporadas líricas de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Com as portas fechadas no Brasil, muniu-se de “cara e coragem” e foi para a Europa, mais precisamente para Milão, na época um dos principais centros operísticos.
Quarenta dias após a sua chegada (15/11/1950), candidatou-se a uma substituição de última hora – a de protagonista de Aída, na cidade de Modena. Foi seu primeiro sucesso:
“Aida”, impersonata da Constantina Araujo, ha aumentato la sorpresa del pubblico, lasciando veramente un vivo entusiasmo in tutti gli spettatori, che l’hanno applaudita con passione, soprattutto per l’efficace dosatura imposta ai suoi davvero notevoli mezzi canori, denotando cosi una seria preparazione dello spartito verdiano”
A indisposição de uma cantora levou Constantina para o La Fenice, de Veneza, onde também fez Aída com êxito.
O Teatro da cidade de Reggio-Emilia, incluiu Aida em sua temporada de 195, dando o papel para Constantina:
“(...) il trionfo di questa cantante, la cui voce di smalto nitidissimo e la efficacia scenica, che ben si avvale di una gura stupendamente adatta al personaggio hanno incantato e soggiogato i critici più pretenziosi.”
Após esse novo sucesso, surgiu a grande oportunidade.

O Alla Scala de Milão procurava um soprano para uma nova montagem de Aída em comemoração aos cinqüenta anos da morte de Giuseppe Verdi, já que tinha havido um desencontro entre Renata Tebaldi e o maestro Victor de Sabata. Constantina, credenciada por seus sucessos anteriores, apresentou-se ao grande maestro Victor de Sabata para uma audição. Dentre seis sopranos que foram ouvidos, foi a escolhida.
Em 20 de fevereiro de 1951, Constantina apresentava-se no palco da mais famosa casa de ópera da Europa, tendo ao seu lado Mario Del Monaco, Fedora Barbieri e Ugo Savarese.
“(...) abbiamo avuto la surpresa di scropire una giovane sudamericana, Constantina Araujo, che nella parte di Aida si è rivelata superba interprete, dotada de belissima voce, dosata com intelligenze, sicura nella intonazione, e che si è fatta ammirare anche per la sua grazia.”
O “Alla Scala” abriu-lhe outras portas: Bari, Verona, Londres, Trieste, Montecarlo, Paris, Augsburg, Lisboa, Genova, Nápoles, Bolzano, Bolonha, Carpi, Salsomaggiore e outras cidades.
Seu repertório incluía Aída, Un Ballo in Maschera, I Vespri Siciliani, Ernani La Vita Breve, Mefistofole, Madama Butterfly, L"Amore dei tre Re, Oberon e Cavalleria Rusticana.
Em 1954 (outubro), Constantina foi convidada a apresentar-se no Rio de Janeiro, onde fez Aída, seu principal papel e o que cantou o maior número de vezes. Em 1954, apesar do sucesso internacional, as portas do Teatro Municipal de São Paulo ainda continuavam fechadas para Constantina Araújo.. Numa montagem de Lo Schiavo, de Carlos Gomes, em comemoração ao 4º Centenário da Cidade de São Paulo, o Teatro trouxe Antonieta Stella, soprano italiano, para fazer o principal papel feminino dessa ópera.
Em 1966, Constantina veio para São Paulo a fim fazer uma pequena intervenção cirúrgica. Quatorze dias após a cirurgia, faleceu, repentinamente, vítima de embolia pulmonar Detentora de tão bela carreira, Constantina Araújo é, sem dúvida, motivo de orgulho nacional.
Em 2001, foi lançada uma gravação que Constantina fez ao lado de Mario Del Monaco, Cesare Siepi e Mario Sereni, sob a regência de Fernando Previtali, para uma transmissão radiofônica da RAI, em 1958, da ópera Ernani de Giuseppe Verdi. Trata-se de um documento raro que atesta a beleza e a qualidade de seu registro.

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