A estréia de Constantina Araújo, no palco de um teatro, ocorreu em Porto Alegre, em 1947, antes de sua apresentação no Theatro Municipal de São Paulo, nesse mesmo ano, na ópera Il Trovatore. Na capital gaúcha, ela cantou três óperas de Verdi: Aida, Il Trovatore e Otelo.
TEATRO SÃO PEDRO
TEMPORADA LÍRICA OFICIAL DO ESTADO
SEXTA FEIRA, 18 DE JULHO DE 1947
OTHELO, de Giuseppe Verdi
Othelo - Giulio Lucchiari
Yago - Paolo Ansaldi
Desdemona - Constantina Araújo
Maestro Diretor - Carlos Estrada
Folha da Tarde
“Como Desdemona, a soprano Constantina Araujo. Foi uma estréia auspiciosa. Tem boa presença cênica e uma voz de excelente qualidade: grato timbre, lindos pianíssimos (como na Ave Maria), centro bem trabalhado e graves sonoros. É uma artista lírica de futuro e o sucesso que obteve recentemente em São Paulo, na temporada de verão, se justifica plenamente.”
Paulo Antônio
Correio do Povo
“Uma revelação tocante foi a arte brasileira de Constantina Araújo, que nos veio de São Paulo, como Paulo Ansaldi. No perene triângulo dramático figurou essa soprano Desdemona de maneira expressiva. Personalidade moça, e de visão agradável, a nobre soprano dramatizou com capricho e cantou de modo a valorizar com gosto toda a linhagem vocal da soprano. É uma cantora que se impõe pela maneira com que se há no plano teatral e musical. No último ato, a intérprete recebeu a consagração pública como o barítono e o tenor no decurso da ópera.”
Jornal do Dia 22/7/1947
A outra figura que merece um destaque muito especial é a soprano brasileira, senhorinha Constantina Araujo, vinda de São Paulo para cantar a Desdemona. Ótima figura, artista apreciabilíssima e vocalmente uma surpresa agradável como poucas, a senhorinha Araújo encantou o público de sexta-feira. Voz de timbre dramático acentuado, e de excelente escola, acreditamos que raras vezes terá a nossa platéia ensejo de encontrar melhor Desdemona. A Ave Maria e a Preghiera do último ato, cantadas a meia voz, estiveram soberbas.
TEATRO SÃO PEDRO
29 DE JULHO DE 1947
IL TROVATORE
Ópera em 4 atos de Giuseppe Verdi
Manrico - Giulio Lucchiari
Leonora - Constantina Araujo
Conde de Luna - .Paolo Ansaldi
Açuzena - Bruna Carla
Inês - Iracema Diehl
Ferrando - José Perrota
Maestro Diretor - Roberto Eggers
A senhorinha Constantina Araujo confirmou tudo o que já tivemos oportunidade de dizer a seu respeito. Acreditamos já agora que não haja nos meios líricos brasileiros, neste momento, quem a suplante em conjunto, na sua arte de soprano dramática. Voz fácil e de escola apuradíssima, inteligência , figura excelente, nada falta para que a senhorinha Araujo venha a se projetar definitivamente. Em seu papel de anteontem – magnífica. Destacaremos como excepcional mesmo – a ária – Tacea la note placida.
A soprano Constantina Araujo foi a Leonor suave e romântica. Como Aida, recentemente levada em récita extraordinária, deixou a melhor impressão ao público.(...) No Trovador, cuja parte para soprano está eivada de dificuldades, Constantina Araujo se desincumbiu com muito acerto. Sua voz é plástica , ,doce de timbre e bastante extensa . Sua escola de canto também é esclarecida e muito desembaraçadamente a soprano emite as notas picadas no registro agudo e atinge as notas graves sem esforço e com igualdade de timbre. Seus pianíssimos que já tive ocasião uma vez de ressaltar são delicados, de fino tecido sonoro. E ainda sua movimentação cênica é elegante e ágil e discreta.. No ato final, por exemplo, foi um “charme” e sua queda teve um travo amargo de realidade envolto numa deliciosa aragem de fantasia.”
Paulo Antônio/FOLHA DA TARDE
Sucesso completo e prenúncio de uma brilhante carreira.