1/25/2006

OBERON


Capa de revista francesa de música, em 1954, quando da montagem de "Oberon", no Palais Garnier - Paris, ao lado de Nicolai Gedda.

ATUAÇÕES DE CONSTANTINA ARAUJO

1/22/2006

Como "Desdemona", em Porto Alegre (1947)

TEATRO SÃO PEDRO
TEMPORADA LÍRICA OFICIAL DO ESTADO
SEXTA FEIRA, 18 DE JULHO DE 1947
OTHELO, de Giuseppe Verdi
Othelo Giulio Lucchiari
Yago Paolo Ansaldi
Desdemona Constantina Araújo
Maestro Diretor Carlos Estrada

O crítico Paulo Antônio assim se referiu na Folha da Tarde:
“Como Desdemona, a soprano Constantina Araújo. Foi uma estréia auspiciosa. Tem boa presença cênica e uma voz de excelente qualidade: grato timbre, lindos pianíssimos (como na Ave Maria), centro bem trabalhado e graves sonoros. É uma artista lírica de futuro e o sucesso que obteve recentemente em São Paulo, na temporada de verão, se justifica plenamente.”

“Uma revelação tocante foi a arte brasileira de Constantina Araújo, que nos veio de São Paulo, como Paulo Ansaldi. No perene triângulo dramático figurou essa soprano Desdemona de maneira expressiva. Personalidade moça, e de visão agradável, a nobre soprano dramatizou com capricho e cantou de modo a valorizar com gosto toda a linhagem vocal da soprano. É uma cantora que se impõe pela maneira com que se há no plano teatral e musical. No último ato, a intérprete recebeu a consagração pública como o barítono e o tenor no decurso da ópera.”

"Correio do Povo"


A outra figura que merece um destaque muito especial é a soprano brasileira , senhorinha Constantina Araújo, vinda de São Paulo para cantar a “Desdemona” Ótima figura, artista apreciabilíssima e vocalmente uma surpresa agradável como poucas, a senhorinha Araújo encantou o público de sexta-feira. Voz de timbre dramático acentuado, e de excelente escola, acreditamos que raras vezes terá a nossa platéia ensejo de encontrar melhor Desdemona. A “Ave Maria” e a Preghiera” do último ato, cantadas a meia voz, estiveram soberbas.
Jornal do Dia 22/71947

Como Santuzza (1948, 1949)



GINÁSIO DO PACAEMBU
16/10/1948
CAVALLERIA RUSTICANA
Beniamino Gigli, Anna Raone, Constantina Araújo e Paolo Ansaldi Orquestra Sinfônica Municipal – Reg. Eduardo De Guarnieri


THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO
TEMPORADA NACIONAL LÍRICA DE 1948
CAVALLERIA RUSTICANA, ópera em 1 ato de MASCAGNI
S. PAULO, 19 de agosto de 1948

SANTUZZA Constantina Araújo
TURIDDU Giulio Lucchiari
LOLA Noemy Lamier
ALFIO Guilherme Damiano
LUCIA Tina Magnoni
REGENTE Armando Belardi
“Constantina Araújo, em “Santuzza” soube emprestar todo colorido daquele difícil papel, sobressaindo-se nas fases dramáticas em atitudes e gestos bem estudados e com uma dicção clara e distinta.”
DIÁRIO POPULAR

THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO
TEMPORADA LÍRICA OFICIAL
29 de outubro de 1949
CAVALLERIA RUSTICANA

SANTUZZA CONSTANTINA ARAUJO
TURIDDU ASSIS PACHECO
ALFIO GUILHERME DAMIANO
LOLA NOEMI LAMIER
LUCIA ASSUNTA MAGNOLI
“No difícil papel de “Santuzza”, saiu-se maravilhosamente bem a nossa conhecida Constantina Araújo. Dona de impecável timbre de voz, Constantina que se acha em plena juventude, está fadada a ser um soprano dramático de renome internacional.”

AIDA, em Trieste.


Este é um trecho da crítica de sua apresentação em Trieste (1953), no papel título de AIDA.

Na Itália.


Essa é a única foto em cores de Constantina. Foi tirada na Itália, onde vivia.

No Rio, em 1954.

Em outubro de 1954, após quatros anos ausente do país, Constantina retorna para uma apresentação de AIDA, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, tendo ao seu lado o companheiro de tantas récitas, Mário Del Monaco.
No camarim, ela posa entre as inúmeras flores que lhe foram oferecidas.

CONSTANTINA ARAUJO




















Constantina Araújo nasceu na cidade de São Paulo, em 28 de maio de 1922,filha de português e de uma napolitana. Tendo demonstrado desde criança vocação para o canto, foi matriculada no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, onde estudou com Francesco Murino.
Sua primeira experiência como profissional deu-se na antiga Rádio Cultura. Dali para a Rádio Gazeta, emissora que possuía orquestra própria, promovia e transmitia concertos ao vivo, foi um pulo.
A bela voz de soprano lírico spinto logo despertou a atenção dos organizadores das temporadas do Teatro Municipal de São Paulo, onde Constantina estreou, em 1947, fazendo o papel de “Leonora” na ópera Il Trovatore de Verdi.
Em todas as ocasiões que se apresentou nessa casa de ópera, seu desempenho foi elogiado pela crítica e encantou o público. Lá cantou, ainda, em Aída, Lo Schiavo, Cavalleria Rusticana e La Bohème, sempre fazendo o principal papel feminino e tendo ao seu lado cantores de renome internacional como Mário Del Monaco, Gigli, Barbieri e outros.
Apresentou-se também em Porto Alegre, no ano de 1947, nas óperas Otello, Il Trovatore e Aída.
Em 1950, devido a rivalidades muito comuns nos meios artísticos, foi despedida da Rádio Gazeta e rejeitada para as temporadas líricas de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Com as portas fechadas no Brasil, muniu-se de “cara e coragem” e foi para a Europa, mais precisamente para Milão, na época um dos principais centros operísticos.
Quarenta dias após a sua chegada (15/11/1950), candidatou-se a uma substituição de última hora – a de protagonista de Aída, na cidade de Modena. Foi seu primeiro sucesso:
“Aida”, impersonata da Constantina Araujo, ha aumentato la sorpresa del pubblico, lasciando veramente un vivo entusiasmo in tutti gli spettatori, che l’hanno applaudita con passione, soprattutto per l’efficace dosatura imposta ai suoi davvero notevoli mezzi canori, denotando cosi una seria preparazione dello spartito verdiano”
A indisposição de uma cantora levou Constantina para o La Fenice, de Veneza, onde também fez Aída com êxito.
O Teatro da cidade de Reggio-Emilia, incluiu Aida em sua temporada de 195, dando o papel para Constantina:
“(...) il trionfo di questa cantante, la cui voce di smalto nitidissimo e la efficacia scenica, che ben si avvale di una gura stupendamente adatta al personaggio hanno incantato e soggiogato i critici più pretenziosi.”
Após esse novo sucesso, surgiu a grande oportunidade.

O Alla Scala de Milão procurava um soprano para uma nova montagem de Aída em comemoração aos cinqüenta anos da morte de Giuseppe Verdi, já que tinha havido um desencontro entre Renata Tebaldi e o maestro Victor de Sabata. Constantina, credenciada por seus sucessos anteriores, apresentou-se ao grande maestro Victor de Sabata para uma audição. Dentre seis sopranos que foram ouvidos, foi a escolhida.
Em 20 de fevereiro de 1951, Constantina apresentava-se no palco da mais famosa casa de ópera da Europa, tendo ao seu lado Mario Del Monaco, Fedora Barbieri e Ugo Savarese.
“(...) abbiamo avuto la surpresa di scropire una giovane sudamericana, Constantina Araujo, che nella parte di Aida si è rivelata superba interprete, dotada de belissima voce, dosata com intelligenze, sicura nella intonazione, e che si è fatta ammirare anche per la sua grazia.”
O “Alla Scala” abriu-lhe outras portas: Bari, Verona, Londres, Trieste, Montecarlo, Paris, Augsburg, Lisboa, Genova, Nápoles, Bolzano, Bolonha, Carpi, Salsomaggiore e outras cidades.
Seu repertório incluía Aída, Un Ballo in Maschera, I Vespri Siciliani, Ernani La Vita Breve, Mefistofole, Madama Butterfly, L"Amore dei tre Re, Oberon e Cavalleria Rusticana.
Em 1954 (outubro), Constantina foi convidada a apresentar-se no Rio de Janeiro, onde fez Aída, seu principal papel e o que cantou o maior número de vezes. Em 1954, apesar do sucesso internacional, as portas do Teatro Municipal de São Paulo ainda continuavam fechadas para Constantina Araújo.. Numa montagem de Lo Schiavo, de Carlos Gomes, em comemoração ao 4º Centenário da Cidade de São Paulo, o Teatro trouxe Antonieta Stella, soprano italiano, para fazer o principal papel feminino dessa ópera.
Em 1966, Constantina veio para São Paulo a fim fazer uma pequena intervenção cirúrgica. Quatorze dias após a cirurgia, faleceu, repentinamente, vítima de embolia pulmonar Detentora de tão bela carreira, Constantina Araújo é, sem dúvida, motivo de orgulho nacional.
Em 2001, foi lançada uma gravação que Constantina fez ao lado de Mario Del Monaco, Cesare Siepi e Mario Sereni, sob a regência de Fernando Previtali, para uma transmissão radiofônica da RAI, em 1958, da ópera Ernani de Giuseppe Verdi. Trata-se de um documento raro que atesta a beleza e a qualidade de seu registro.